terça-feira, 15 de outubro de 2013

O MAIS INDOMÁVEL DOS INDOMÁVEIS

Para continuar refletindo sobre corações indomáveis hoje nós homenageamos àquele coração que é o mais indomável dos indomáveis, CORAÇÃO DE PROFESSOR. Os outros corações de quando em vez se deixam domar pelas situações, submetem suas intuições a razões sem razão. O CORAÇÃO DE PROFESSOR não reconhece razões, vive com os pés bem fincados na terra, mas a sua mente não tem limites, desconhece por opção definição de largura, profundidade e de altura.
Para um CORAÇÃO DE PROFESSOR, elementos que apequenam o pensamento ou aprisionam a consciência, não fazem parte de seus valores ou pertences. O verdadeiro CORAÇÃO DE PROFESSOR não se deixa tomar pelas
medidas casuais ou usuais de quem não é capaz de ver além do horizonte. Não se consola com canções que obstaculizam o caminho da letra e da música, não se permite utilizar a expressão verbal BASTA. A linguagem do CORAÇÃO DE PROFESSOR não se contenta com eufemismos e não se contamina com pontos finais, mas também não é uma dízima periódica, que se eterniza em repetir-se. Na verdade ele é pura reticência e etc., não por ser ignorante, mas porque sabe, que aquilo que hoje não tem uma resposta adequada, amanhã ou depois de amanhã se tornará construtos ao invés de conceitos.
O Indomável CORAÇÃO DE PROFESSOR, não se torna mestre, porque não para nunca de aprender. Jamais ensina, mas partilha o que apreendeu. Não empobrece porque dividi, mas enriquece por ser capaz de nada guardar para si, e assim, como a abelha ou o beija-flor, fecundam as flores, o CORAÇÃO DE PROFESSOR torna fecunda uma infinidade de mentes e de histórias, que como uma onda se espalha em uma espiral em direção do infinito.
Ser indomável não é ser arredio, é saber romper as barreiras com ternura e paciência. O CORAÇÃO DE PROFESSOR, não tem a pressa da vida curta, que transgride a história para chegar a algum lugar. Ele respeita os passos de quem caminha na direção de lugar algum e a todos os lugares. Sem ser imprudente ele desafia, empurrando para o abismo, aqueles, que insistem em permanecerem instalados no ninho do comodismo, como a Águia-Mãe faz com seu Filhote-Águia quando por medo ou por incerteza se apega à segurança de um ninho que não lhe pertence mais.
O CORAÇÃO DE PROFESSOR é o mais Indomável dos indomáveis, simplesmente por não se trancafiar nas poucas linhas de um texto ou aceitar as condições esquizofrênicas de quem ousa querer transformá-lo numa ave engaiolando-o. Ele é o com-texto e por isso não há limites de pensamentos.
Gostaria de elencar aqui os corações indomáveis, que fazem parte da minha vida
, mas não quero incorrer em injustiça, e traído pela minha memória deixar fora alguns destes corações. Mas quando falo do CORAÇÃO DE PROFESSOR, incluo todos os CORAÇÕES DE PROFESSORES, que de certa forma foram responsáveis pelo meu e tantos outros corações, hoje também indomáveis. Citando dois indomáveis, espero de contemplar todos os demais CORAÇÕES DE PROFESSORES: a Indomável CORA CORALINA e o Indomável PAULO FREIRE.
O verdadeiro CORAÇÃO DE PROFESSOR é “feliz porque transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina), é “intelectual porque não tem medo de ser amoroso, e amar as gentes e o mundo. E é porque ama as pessoas e ama o mundo, que briga para que a justiça social se implante antes da caridade” (Paulo Freire).
Neste dia em que homenageamos o mais INDOMÁVEL dos Indomáveis, o CORAÇÃO DE PROFESSOR temos a certeza da partida e não queremos saber aonde chegaremos, e isso nos alerta de nem pensarmos em retornarmos, porque retorno não existe e por mais absurdo que pareça,  os tropeços, as quedas e as feridas fazem parte da história dos CORAÇÕES INDOMÁVEIS, assim com as conquistas e os deslumbres de novos infinitos.

PARABÉNS CORAÇÃO DE PROFESSOR! Que seja INDOMÁVEL enquanto houver a existência.

UM OLHAR ADIANTE: O MAIS INDOMÁVEL DOS INDOMÁVEIS

UM OLHAR ADIANTE: O MAIS INDOMÁVEL DOS INDOMÁVEIS: Para continuar refletindo sobre corações indomáveis hoje nós homenageamos àquele coração que é o mais indomável dos indomáveis, CORAÇÃO DE ...

O MAIS INDOMÁVEL DOS INDOMÁVEIS

Para continuar refletindo sobre corações indomáveis hoje nós homenageamos àquele coração que é o mais indomável dos indomáveis, CORAÇÃO DE PROFESSOR. Os outros corações de quando em vez se deixam domar pelas situações, submetem suas intuições a razões sem razão. O CORAÇÃO DE PROFESSOR não reconhece razões, vive com os pés bem fincados na terra, mas a sua mente não tem limites, desconhece por opção definição de largura, profundidade e de altura.
Para um CORAÇÃO DE PROFESSOR, elementos que apequenam o pensamento ou aprisionam a consciência, não fazem parte de seus valores ou pertences. O verdadeiro CORAÇÃO DE PROFESSOR não se deixa tomar pelas medidas casuais ou usuais de quem não é capaz de ver além do horizonte. Não se consola com canções que obstaculizam o caminho da letra e da música, não se permite utilizar a expressão verbal BASTA. A linguagem do CORAÇÃO DE PROFESSOR não se contenta com eufemismos e não se contamina com pontos finais, mas também não é uma dízima periódica, que se eterniza em repetir-se. Na verdade ele é pura reticência e etc., não por ser ignorante, mas porque sabe, que aquilo que hoje não tem uma resposta adequada, amanhã ou depois de amanhã se tornará construtos ao invés de conceitos.
O Indomável CORAÇÃO DE PROFESSOR, não se torna mestre, porque não para nunca de aprender. Jamais ensina, mas partilha o que apreendeu. Não empobrece porque dividi, mas enriquece por ser capaz de nada guardar para si, e assim, como a abelha ou o beija-flor, fecundam as flores, o CORAÇÃO DE PROFESSOR torna fecunda uma infinidade de mentes e de histórias, que como uma onda se espalha em uma espiral em direção do infinito.
Ser indomável não é ser arredio, é saber romper as barreiras com ternura e paciência. O CORAÇÃO DE PROFESSOR, não tem a pressa da vida curta, que transgride a história para chegar a algum lugar. Ele respeita os passos de quem caminha na direção de lugar algum e a todos os lugares. Sem ser imprudente ele desafia, empurrando para o abismo, aqueles, que insistem em permanecerem instalados no ninho do comodismo, como a Águia-Mãe faz com seu Filhote-Águia quando por medo ou por incerteza se apega à segurança de um ninho que não lhe pertence mais.
O CORAÇÃO DE PROFESSOR é o mais Indomável dos indomáveis, simplesmente por não se trancafiar nas poucas linhas de um texto ou aceitar as condições esquizofrênicas de quem ousa querer transformá-lo numa ave engaiolando-o. Ele é o com-texto e por isso não há limites de pensamentos.
Gostaria de elencar aqui os corações indomáveis, que fazem parte da minha vida, mas não quero incorrer em injustiça, e traído pela minha memória deixar fora alguns destes corações. Mas quando falo do CORAÇÃO DE PROFESSOR, incluo todos os CORAÇÕES DE PROFESSORES, que de certa forma foram responsáveis pelo meu e tantos outros corações, hoje também indomáveis. Citando dois indomáveis, espero de contemplar todos os demais CORAÇÕES DE PROFESSORES: a
Indomável CORA CORALINA e o Indomável PAULO FREIRE.
O verdadeiro CORAÇÃO DE PROFESSOR é “feliz porque transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora Coralina), é “intelectual porque não tem medo de ser amoroso, e amar as gentes e o mundo. E é porque ama as pessoas e ama o mundo, que briga para que a justiça social se implante antes da caridade” (Paulo Freire).
Neste dia em que homenageamos o mais INDOMÁVEL dos Indomáveis, o CORAÇÃO DE PROFESSOR    temos a certeza da partida e não queremos saber aonde chegaremos, e isso nos alerta de nem pensarmos em retornarmos, porque retorno não existe e por mais absurdo que pareça,  os tropeços, as quedas e as feridas fazem parte da história dos CORAÇÕES INDOMÁVEIS, assim com as conquistas e os deslumbres de novos infinitos.

PARABÉNS CORAÇÃO DE PROFESSOR! Que seja INDOMÁVEL enquanto houver a existência.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

140 ANOS DE UM CORAÇÃO INDOMÁVEL!

           O universo sempre foi um grande conspirador de sonhos e esperanças e por isso tantas vezes é acusado

injustamente de insensível, frio e sem coração. Não sei se é bom ou ruim, mas quem pensa assim tem razão. Conspiração exige razoes e loucuras. Os corações indomáveis em todos de tempo foram considerados irracionais e insanos. Os corações indomáveis não reconhecem limites quando se trata de sonhos e de ternura. A partir de hoje, publicaremos as dês-razões de alguns corações que se poderia classifica-los de indomáveis. Começaremos com um coração que ainda há muito por descobrir: São João Calábria, que como a todos os corações indomáveis, se procura dar um rótulo, estabelecer parâmetros, criar limites de alcance para apoderar-se cada um a seu modo e segundo seus interesses pessoais.
São João Calábria, que de agora em diante o chamaremos simplesmente de Dom Calabria representa a altura o sindicato dos CORAÇÕES INDOMÁVEIS. Não se pode dizer que ele fosse um mito, mas negar a sua existência come fenômeno também é cegueira. E o que é um fenômeno? A distância entre o fenômeno e os outros é quase nada, porém, é inatingível, por isso que os fenômenos humanos quase sempre são tidos como místicos o que não deixa de ser uma verdade.
Os corações indomáveis são místicos. Não se surpreendem com a crueldade dos homens e ao mesmo tempo se enternecem com a pequenez e simplicidade das coisas, como criança, se extasiam com lucidez de iluminados diante das grandes interrogações da vida e as enfrentam como gigantes.
Muita gente se põe a pergunta Dom Calábria era um santo, um místico ou simplesmente um ser humano? Entendendo-o como um Coração Indomável, sempre respondi assim: Não sei definir direito qual destes perfis corresponde ao de Dom Calábria. Aqueles, que já se consideram santos aqui, o vêm como tal. Para os que mergulham num poço de incertezas, e até muitas vezes no medo de enfrentar a vida, o consideram místico, na tentativa de fugir da realidade. Não sou melhor que ninguém, ao contrário, se opto pela terceira afirmação é porque estou bastante longe das duas outras dimensões, e pelo menos no que diz respeito à estrutura humana, me sinto mais semelhante ao Calábria, fui claro, na estrutura humana. Existem certas coisas que transferimos ou projetamos nas pessoas por excesso ou por carência. Gostaria de refletir aqui um aspecto que revela a verdadeira humanidade de uma pessoa: a capacidade de se relacionar respeitando o outro. Creio eu, por aquilo que já li e ouvi de pessoas que conheceram Dom Calábria, este era o seu tom característico. Muitos o chamavam de tímido, porque segundo escrevia em algumas de suas exortações: “eu procuro dizer as coisas como as vejo, como as percebo, segundo me inspira o Senhor, mas quando alguns dos irmãos não as veem assim, retiro-me no meu silêncio”. Vendo assim, se percebe uma profunda dor no homem Calábria, não obstante tudo isso, revela um profundo respeito. E “respeito significa, cuidado, atenção, preocupação, olhar de novo.” Lendo isso dá a impressão que quando Franco Imoda intuiu esses significados, o fizera observando por uma fresta, as atitudes do Ser Humano Calábria. Para quem está familiarizado com o mundo da Psique, não poderia imaginar uma pessoa assim. A história pregressa do Calábria dá um perfil de no mínimo um desequilibrado e paranoico, ou quem sabe um elemento agressivo, com um grande potencial para a delinquência, no entanto o vemos construindo fraternidade, juntando irmãos das mais variadas castas sociais, aconselhando santos e pecadores.
Num mundo que busca ter, poder e o prazer, uma pessoa como Calábria, desafina as cordas dos instrumentos da realidade. O jeito de ser humano o transforma em santo e místico. Na relação concreta com o mundo, com as pessoas e com as coisas estabelecia a justa medida dos valores. Não pesava nada além daquilo que fosse justo. O mundo como lugar de passagem para a espécie humana, não poderia jamais ter mais valor que o ser humano. E as coisas por sua vez não tinham outra finalidade, a não ser aquela de ajudar ao homem ser e viver melhor o seu retorno às suas origens, a volta ao Pai. Por isso duas coisas segundo ele lhe causavam pavor: a infidelidade ao programa, isto é, a não correspondência ao projeto de Deus que se manifesta por meio da Obra e o pecado, afastamento deliberado da via do Senhor, Único sentido da existência humana. Não se pode dizer que uma pessoa fosse somente santa como dissemos antes e que parece ser a ideia de alguns, mas não se pode negar que alguém assim não é místico. Interessante notar que Dom Calábria nunca fez grandes estrondos na sua vida. Manteve relação com pessoas dos mais altos escalões da Hierarquia Eclesiástica, entabulou diálogo com as mais variadas personalidades da sociedade civil, apareceu em jornais (e na maioria das vezes sendo criticado pela sua ousadia), mas sempre de um modo Calabriano de ser, segundo ele mesmo, “toquinha e covinha”, no escondimento, buscando sempre viver aquela experiência do evangelho, “não saiba a tua mão esquerda o que fez a direita”.
O ser humano Calábria, assumiu a sua condição, a sua história pessoal. Jamais se colocou pelos cantos a choramingar as incompreensões, ou a projetar-se, se lamentando que se não ia adiante era por culpa do outros. Sempre assumiu em primeira pessoa a sua condição de pecador e a luta pela sua santificação: “hoje começo de novo”, “ou santo ou morto”, era seu propósito após cada confissão, quase sempre semanal. Quanto mais próximo de si mais o ser humano descobre Deus e a sua ternura. Quanto mais descobre Deus e a sua ternura, mais intensifica o desejo de estar sempre com Ele. Esse desejo de estar Nele confrontado com a realidade humana, medida segundo os paradigmas do mundo, provoca uma tensão que se revela numa espécie de angústia, ou seja, o desejo de já estar lá, mas ao mesmo tempo a sensação de que ainda não é puro o bastante para tal.
E aqui eu entendo perfeitamente a santidade de Calábria. Um humano no verdadeiro sentido da palavra, que busca lá no mais profundo de si, dar um verdadeiro significado à sua existência. Isso necessariamente o faz descobrir que não há nada mais largo e nem profundo que a contemplação do Ser Criador, que ele, como Jesus, chamava com um grande amor filial de Pai. O mesmo Pai a quem ele sempre recorria quando as coisas não andavam bem, mas também quando tudo corria às mil maravilhas. Na sua atitude de humano, santo e místico, quando não
compreendia certos acontecimentos, não se desesperava, porque se confiava na mão do Pai.
No meu pouco conhecimento de santidade ou de mística, por motivos óbvios, não ser nenhuma coisa e nem outra, creio de entender perfeitamente a angústia profunda em que vivia mergulhado Dom Calábria. Ele não tinha dúvidas da existência e presença de Deus na realidade do mundo. A sua angústia era fruto de sua incompreensão de como um Deus, a Plenitude Infinita tenha se dignado a volver seu olhar para uma criatura tão pequena e tão insignificante como era ele. Essa insignificância, talvez não fosse uma concepção do Calábria, mas o reflexo da realidade social onde viveu e onde vivemos nós, que estabelece a ordem de grandeza por aquilo que a pessoa possui ou pela capacidade de projetar-se. E aqui a angústia de Calábria se revela na sua surpresa: “como um Deus com uma inteligência e sabedoria infinitas poderia ter olhado com tanta ternura, para uma criatura gerada na lama do sofrimento, da pobreza e da ignorância”?
Esse é o sofrimento de todo ser humano que se aproxima de Deus. Soren Kierkegaard dizia, “ninguém pode contemplar o rosto de Deus e permanecer vivo”. Moisés, quando recebeu as tábuas da lei, escondeu o rosto para não morrer e mesmo assim saiu chamuscado pela grandeza da presença de Deus. Ao descer do Sinai, causou espanto aos seus concidadãos, estava com um rosto iluminado. Só se entende a santidade de Dom Calábria, pelo prisma da sua humanidade. O seu jeito místico de viver essa relação com Deus, assustava os incrédulos e deleitava os que verdadeiramente acreditavam em Deus, e por isso, ambos o procuravam: os primeiros para apaziguarem interiormente o seu desejo infinito de Deus, e os segundos, para sentirem-se ainda mais seguros. A mesma experiência feita por Nicodemos e Marta.
 O coração indomável no atrai as pessoas a si, mas a um projeto, que muito maior e que leva a horizontes largos e opções infinitas. O indomável não se deixa tomar pelos interesses pessoais nem de terceiros, sobrepujam a mesquinhez da ganância e da prepotência. Sofre pela incapacidade de compreender dos ignorantes, mas não titubeia e é irascível com mordaz inocência dos hipócritas.
Dom Calábria, 140 ANOS de um Coração Indomável! Obrigado por me ajudar a abrir esta secção. Parabéns pela sua existência! Auguri por não se ter deixado engaiolar pelos pensamentos mesquinhos e não se aprisionar nas mãos das almas pequenas. 

domingo, 8 de setembro de 2013

FUJO DE MIM PARA ENCONTRAR VOCÊ

             Nas estradas da minha vida encontro olhares, que me iluminam e outros que me cegam, olhos que me veem e outros que me ignoram e tudo isso me faz refletir sobre quem sou e o que sou. Quando muitos se sentem um sol que ilumina tantas vidas, eu luto
para ser apenas um pirilampo, a iluminar as trevas que rondam a minha alma, querendo a todo custo possuí-la na tentativa de afastar-me de você.
             As mãos que me tocam me falam de sensibilidades e adesão ao que é verdadeiro e tateando sigo buscando em todas as direções no que me agarrar para sentir de verdade a sua presença.
Leio livros que me dizem onde lhe encontrar e sem rumo desenho mapas, construo trilhas na ilusão de poder pelo menos sentir que você está e na dúvida, sigo adiante, implorando que um dia você cruze o meu caminho.
             Ouço palavras, que me explicam você, e obstinado, rascunho um dicionário de significados, que dizem tanto de tudo menos de você.
             Já me disseram que você não tem limites e que não cabe nos meus sonhos, mas ao mesmo tempo, ouço dizer, que você é tão ínfimo, que os olhos humanos, mesmo os mais lindos não lhe enxergam de verdade, porque só lhe vê quem o faz com o coração.
               Fiz um jardim para lhe agradar, mas as flores caprichosamente se negaram desabrocharem, cúmplices de você, que insiste em estar sem se revelar.
               Acenei à lua dos amantes para que me ajudasse a ter você nem que fosse por um instante, ela desdenhosa me olhou, como a
dizer: “sem noção! Não vê que quem você busca não se deixa tomar”?
                Fui à imensidão, olhei em quase todas as direções e o silêncio num grito ensurdecedor me sussurrou: “o que você procura não está aqui, porque o que busca você já tem e vive em você”.
                Por isso decidi fugir de mim para encontrar você. Não me importa o tempo que vou levar, eu o tenho para eternidade.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A COVARDIA DE ADÃO FEZ EVA UMA IDIOTA



Você já percebeu que cada vez que Adão e Eva fazem coisas que não deveriam ele joga a culpa na tonta da Eva e ela idiotamente carrega todo o peso do pecado? Isso já vem assim há milhões de
anos! Quantos anos, séculos eu não saberia dizer, mas vem desde a criação do ser humano. Deus criou Adão por primeiro segundo o Genesis. Com certeza lhe deu todas as explicações do que era o paraíso, e só depois criou Eva. Enquanto as coisas transcorriam como estavam previstas tudo bem, era de verdade um paraíso. Tanto Adão quanto Eva sabiam das orientações do Senhor, a fruta da árvore, que estava no meio do jardim não podiam comer. Todavia, o covardão do Adão, que certamente conhecia o paraíso mais do que a novata Eva, não evitou o perigo, e não só, rondava a árvore proibida e cobiçada, e seduzia a idiota da Eva a desfrutar da bela sombra da árvore carregada do fruto proibido.

Como se pode culpar a pobre da idiota da Eva de ser a causadora do pecado? Ela foi seduzida por aquele que lhe deveria ajudar a entender porque o Senhor proibiu tal fruta, afinal de contas, ele sabia melhor que ninguém o motivo da proibição. Veio primeiro, era por assim dizer, o líder do paraíso. Covardemente provocou a tonta da Eva com palavras doces, sedutoras e com intenções lascivas até enlouquecê-la e leva-la a estender a mão e colher a fruta maldita. Comeram juntos, se esconderam juntos, se vestiram das mesmas folhas, mas ao serem descobertos, na hora da verdade, o covardão do Adão tirou o seu da reta, se fez de inocente, e acusou a idiota da Eva de sedutora. A tonta não sabendo o que dizer, acusou a serpente. E aí a fantasia do deus dos machos, se encarregou do resto. Assim  a história se arrasta e se repete até hoje. Os Adões da vida seduzem as Evas, acabam com a vida delas e quando o cerco se fecha, acusam-nas, e covardemente saem de mansinho, desaparecem, seguem adiante em seu paraíso e deixam para trás as idiotas, que têm que carregar o peso do pecado e da vergonha. Certamente elas, as Evas, não são tão inocentes, mas uma coisa é certa, são sempre as vítimas, pois pela lógica do conhecer e do saber, os Adões deveriam ser mais iluminados que elas. E a serpente? Você já viu serpente falar, raciocinar, articular alguma coisa? Certamente não. Portanto não é difícil concluir, que serpente e conversa pra boi dormir.

Conclusão: Eva será apedrejada por todos, porque a massa uivante quer um culpado, e Adão sai ileso e vai para outro paraíso, quem sabe à procura de outra ou outras Evas. E o povo dessa trama, ou mente escondendo a realidade para salvar a covardia do Adão, ou gozando a cântaros participa do rito de apedrejamento da idiota da Eva, que com certeza, por não poder fugir para outro paraíso, carregará consigo a marca do pecado, se tornará o símbolo do mal de qual todos devem fugir para não caírem na sua sedução e certamente nunca mais encontrará um paraíso de paz, pois até os mais próximos de si, amigos e parentes lhe fugirão para não serem conotados como coniventes. O covarde Adão gozará das bênçãos e favores de outros paraísos e a idiota amargará para sempre com o estigma do despudor e a marca de pecadora mor. E lhe jogarão na cara você acabou com a vida do pobre do Adão, que era um homem de bem.

E assim enquanto a gente mentir sobre a culpa de Adão, a idiota da Eva será sempre vítima, já que ninguém acredita da lenda serpente.

domingo, 7 de abril de 2013

NÃO HÁ MISTÉRIO!

            Essa expressão aparentemente inocente carrega em si uma verdade desconcertante para a humanidade do Século XXI! No passado a vida parecia mais tranquila e mais calma porque trazia em si um quê de mistério e segredos, que faziam dos humanos, seres dependentes, que gozavam de um ar de inocência, uma crença ingênua. Os mitos e a fantasia comandavam suas ações, onde os sonhos não se desfaziam por qualquer motivo.
A evolução do pensamento provocada pela tecno-ciência elevou a reflexão, alargou a consciência de uma maneira demasiada desavisada, acabou por encontrar as sociedades ricas em recursos e alienadas na sua forma de ver os horizontes. O mundo que parecia existir nos confins da terra com o infinito chegou para mais perto e a gente ficou sem saber o que fazer, porque até então talvez fosse para ali que mandaríamos aqueles que eram maus e que insistiam em nos fazerem sofrer, e no espaço etéreo que está acima das nossas cabeças e dos arranha-céus quase que babélicos, seria o lugar daqueles que durante a vida nos teriam amado e feito as coisas mais interessantes: atos de “caridade”, como compaixão dos incautos e miseráveis desafortunados pobres e débeis, que por perversão de um gen do mal nasceram diferentes dos bons.
Com o fim do mistério, o amor que dilacerava corações apaixonados tornou-se explicável e alquímico. Não há paixão, há química, pele e quem sabe uma molécula a mais de serotonina. A dor não tem mais espaço. Sofrimento é coisa de masoquistas. Para  quê sofrer se no fim não há recompensas?
A ingenuidade de Dom Quixote, que imaginava um amor possível e real, era a ingenuidade de todos, que ainda choravam quando olhavam as estrelas e mesmo sem saber por que sentiam saudades do um infinito, que consolava suas almas sensíveis.
A perda do mistério levou consigo também a virgindade das mentes castas, que contavam com olhos úmidos de emoção e de um místico de lascívia, como era doce viver na brancura da pureza e preservado do escarlate do pecado e do contato com os pecadores. O mistério que não existe mais também fez desaparecer o Deus bom com os bons e castigador dos maus. O mistério pelo menos mantinha princípios e finais, hoje, não há mais limites, não se sabe mais onde as coisas começam e aonde e como vão terminar. A vida que valia tanto porque era um dom, hoje pode ser criada em laboratórios.
O mistério matou a cegonha e com ela muitos bebês, que inesperadamente apareciam nas famílias. O fim do mistério abriu de par em par as portas para a morte, que já não é assim tão terrível, já que o tempo de existência da matéria tem validade, inclusive se pode decidir até quando se quer viver.
O sumiço do mistério poupou Deus de tantos incômodos, principalmente daquele da vigilância cerrada contra o demônio para que não possuísse   o  espírito  dos imaculados, concebidos no pecado original, mas que com um toque de sorte, adquiriram um selo PO(Puros por Origem), porque suas famílias eram formadas por pessoas de uma fé sólida numa religião.
O fim do mistério trouxe o desespero para aqueles que sempre se utilizaram deste expediente para controlarem quem podia ou não se salvar. O que fazer agora com os escrúpulos, as penitências, as confissões, o inferno e o paraíso? Sem mistério esta instâncias também se foram. Sem mistério não há tabus, sem tabus não há medos, sem medos não há punição, portanto sem mistério existe liberdade, consciência, presença e sentido.
Sem mistério Deus deixa de ser de Adão e se torna de Jesus Cristo. O fim do mistério transformou o ensanguentado e assustador Jesus de Judas no Apaixonado Nazareno de Maria Madalena. Sem o mistério, Jesus que era apenas de Nazaré, ganhou as periferias do mundo, atravessou a rua e foi alojar-se no coração e no corpo glorioso do povo, que se ilumina no sorriso de um Pobre Francisco.
A morte do mistério levou consigo os cargos vitalícios, derrubou a mesa que acomodava jogos de cartas marcadas, arrebentou a pseudo democracia das instituições e revitalizou os verdadeiros carismas, que mesmo às vezes manietados por ávidas ambições pessoais, vão abrindo brechas entre a incompetência e o orgulho prepotente de castas e quadrilhas, que se comunam para manterem a preço de sangue e desonras, o pútrido poder conquistado em troca de favores escusos. As sete chaves que protegiam o mistério perderam sua função e por estupidez ou por fragilidade também chegaram ao fim.
Daqui para frente, quem alimentou gaiolas e consciências com o mistério do eu nasci antes, conheci a origem, falo porque eu sei e já vivi bastante, talvez não saberá mais o que fazer, pois sua arma, o mistério já não existe.
 Me sinto muito feliz em dar esta notícia: NÃO HÁ MAIS MISTÉRIO!

sábado, 16 de março de 2013

BUONA SERA!


Buona Sera (Boa Noite)
Surpresa! Eu sou o Espírito Santo!
Depois de um corre-corre frenético para se chegar até a Praça de São Pedro, no Vaticano, que ficou literalmente tomada por milhares e milhares de católicos de todo mundo, e milhões de olhos voltados para a chaminé, dois momentos de apenas alguns segundos, marcaram a cena da eleição do novo Pontífice: quando após um anuncio quase inaudível e meio truncado o pró-diácono anunciou o nome do cardeal eleito, José Mario Bergoglio o outro momento de silencio ensurdecedor, quando o inesperado Papa, após uma olhada como que a querer conhecer e se apresentar ao seu rebanho, convida a multidão a rezar e se inclina para receber ele por primeiro a benção da Igreja que tantas e tantas vezes terá que abençoar.
Cotações, prognósticos, apostas, acordos escusos, aconchavos, parece que nada deu certo e não dará, porque a Igreja dirigida por homens, alguns santos inclusive, não é uma instituição de poderes humanos, onde humanos podem estabelecer seus jogos, ela é Divina e confiada ao Espírito Santo, que não joga o jogo de esconde-esconde.
Todos os perfis e os papáveis falharam, mas prevaleceu o sonho do Povo e o desejo de Deus. Os aristocratas, os burocratas e os homens de cúria, se esfumaram na fumaça preta, dando lugar a um não cotado, lá do “fim do mundo”, tímido de caráter, mas forte no espírito e na cura do seu rebanho, de olhar profundo e serio, chamado FRANCISCO.
Quando muitos prognosticaram um midiático, o Espírito soprou sobre uma figura simples, quase que escondida, mas que combina em si o vigor, e tenacidade de Inácio de Loyola com a pobreza e a simplicidade de Francisco de Assis, sob o olhar e a ternura de ninguém nada mais e nada menos que o Filho de Deus, confia seu rebanho, desta vez não a um pescador da Galileia, Pedro, mas a um portenho argentino, Jorge Mario Bergoglio.
O mundo de olhos fixos em Francisco, esperando uma resposta, ou quem sabe uma explicação porque ele e não os candidatos tão propalados, ele olha, todos se preparam para uma articulado discurso de agradecimento, quem sabe de propostas mirabolantes, e ele surpreende a todos com um “Buona Serra” como alguém que já faz parte há muito tempo desta família, reza pelo seu antecessor, se inclina ante sua igreja num gesto de quem está ali para servir e suplica que seu povo o abençoe.
O Espírito tem um jeito particular de fazer, que de tão simples, até desconcerta os mais espertos. Francisco, homem comum, como comum, foi o “Povverello de Assis”. Sua história, uma história como de todos os mortais, o homem tão sonhando e tão esperado pela Igreja e pelo mundo. Chegou silencioso, quase que como a se desculpar por estar ali, mas já deixou bem claro a que veio: sou o vosso bispo, sou o bispo de Roma e como tal da Igreja do mundo inteiro.
Que sua missão seja fecunda Francisco, como foi fecunda a vida daquele de quem quiseste herdar o nome.
Buona Sera Francisco!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Coragem, Ousadia, Fé e Liberdade!


É assim que eu vejo a atitude de Bento XVI. Todos os motivos ditos explícitos ou entendidos perdem força diante de sua postura e lucidez quando se expôs ao consistório e do mundo e assumiu todas as consequências da sua renúncia, algo inaudível nos últimos oito séculos. Nos últimos tempos, mesmo que muitos não entendam ou não queiram ver, a Igreja se mostra aquilo que é: instituição sim, mas também carismática e acima de tudo Mãe. Talvez, por mais que cogitemos, não descobriremos os verdadeiros motivos de Josef Ratzinger ao dizer “não posso mais continuar como papa”, mas fica-nos a certeza, estamos diante de uma pessoa e como tal, não tem a obrigação de carregar às costas fardos que suas forças ou sua consciência não lhes permitem de continuar portando.
Digam o que quiserem, julguem como se sentirem, mas a meu ver, este homem de 86 anos, que de uma forma egoísta podemos dizer “que não tem mais nada a perder” é um homem de coragem. Acima de sua imagem, do poder que tem e quem sabe dos poucos anos de vida, que lhe restam diz ao mundo: “cheguei ao meu limite. Caminhei até aqui e não me envergonho de dizer que não me sinto mais”. São João Calábria certa vez usou uma frase que me impressiona: “quem está na parte mais alta da montanha, tem uma visão melhor”, isto é, quem está no vértice consegue ver o todo. Bento XVI por conhecer os meandros políticos, administrativos, mas acima de tudo, como grande teólogo, deve estar vendo coisas que nós não vemos e que ele sabe que precisam ser revistas, retomadas, purificadas, ele sabe também, porque é inteligente, que sua eleição se caracterizou como “transição” e em sete anos o que tinha que fazer foi feito, e que agora é hora de outro, envergar as sandálias do Pescador Palestino  para efetivar o que precisa ainda ser feito.
Outro elemento que me faz admirar a atitude de Bento XVI é a sua ousadia. Espero que não entendam o que vou dizer como julgamento, mas como constatação, a gente está vendo quase como rotina, pessoas consagradas que se arrastam no sim que deram por não terem ousadia de dizerem: “não dá mais”. Vemos luta principalmente nas instituições religiosas para a manutenção do “status quo”, preservar a fachada de uma aparência debilitada e descaracterizada e de repente somos surpreendidos por um “velhinho” de 86 anos, talvez a pessoa mais poderosa do mundo, que diante de microfones e câmeras ousa dizer “basta! Fim de linha”. A ousadia pode até parecer imprudência, mas é coragem de provocar novidades. O que vai ser? Ninguém sabe, ele mesmo não sabe. Mas seja o que for, “sou consciente das consequências” disse e o “velhinho" ousado, Bento XVI.
Já ouvi comentários: “nossa no Ano da Fé o Papa faz uma coisa dessas!” Prova inconteste de que ele é um homem de fé. A igreja não é só sua e não é ele. Ela já estava aqui há dois mil e cinco anos antes dele, e perdurará quem sabe quantos outros milhares de anos após ele. Isso é ter fé. Declarou o Ano da Fé porque precisa se pensar nisto, mas que não tem nenhuma obrigação assumir como seu, é a Igreja que proclama e será a igreja, que há de viver isso”. Já imaginaram onde estaríamos se João XXIII ficasse pensando que sua saúde era débil para realizar um concílio? O Papa não é a Igreja! Ele é um membro da Igreja, um filho da Igreja que foi chamado a esta missão.
Não quero que essa reflexão apareça como uma advocacia da atitude do Papa. Isso realmente não o é, porque ele demonstrou hoje ser uma pessoa livre, mas que seja apenas o reconhecimento a um homem, que apesar de tudo o que se possa dizer, deixa a nítida impressão de que é alguém que ama a Igreja. Sua renúncia, mais que uma tragédia é uma chamada para refletirmos para onde queremos ir como Igreja. E o que estamos fazendo como Igreja. Por que o mundo consegue impor seus demônios e nós não estamos conseguindo emplacarmos o nosso Jesus Cristo e o seu Reino?
Em tudo isso, minha gratidão a este “velhinho” corajoso, ousado e crente, chamado Bento XVI.