O mundo vive uma realidade muito
complexa, aliás, nascer humano é já um certificado de ser complexo. A atual
situação em que vivemos nos pede muita racionalidade e uma
capacidade
gigantesca de compreender. Os caminhos que estamos percorrendo como mulheres e
homens de uma época diagnosticada como em processo de mudança, exigem de nós
perspicácia, competência e conhecimento, para caminharmos mais ou menos em
segurança. E falando em segurança, não quero de modo algum me referir à
segurança física, quero falar de segurança antropológica, ou seja, a certeza de
que a humanidade segue em direção a um rumo certo, que lhe garante chegar a um
porto seguro, onde se possa contemplar a vida com todas as sua nuances, sem
arrependimentos por não ter vivido o bastante e de modo coerente com o que se
projetou.
Nestas semanas, tive a oportunidade
de acompanhar dois momentos políticos muito fortes: o Seminário Municipal sobre o Plano de Educação, aqui do Município de
Batayporã e a votação da PEC 171, na
Câmara Federal, do primeiro participei ativamente e vi quanta esperança
existe na população em busca de uma educação, que seja de verdade humanizadora e
geradora de cidadãos e cidadãs com dignidade; já da segunda, a PEC, acompanhei
como pude e até onde foi possível, todas as construções e desconstruções em
relação à maioridade penal. Sinceramente ainda não compreendi o porquê de duas
coisas:
1 1. Por que a
gente tem que desconstruir uma coisa, que a natureza plasma, os sexos macho e fêmea;
2. A quem
interessa prender adolescentes de 16 anos, já que os argumentos, que se usa
para justificar a redução da maioridade para este patamar, terão que usa-los
daqui a alguns anos para patamares mais inferiores.
A coisa interessante é, que
enquanto se discutiam estes dois temas, os municípios, os
mesmos, que compõem a
Pátria Educadora, transportam os “filhos e filhas desta Pátria” em condições
desumanas, para escolas que se encontram em situação deprimente; e lá em
Brasília, os homens e mulheres que defendem a PEC 171, votaram um índice elevadíssimo,
para o judiciário. Pode até ser coincidência, mas é no mínimo curioso, que isso
esteja acontecendo assim.
Outra coisa, que me inquieta e ver
a passividade das vítimas, os munícipes eleitores, que escolheram estes tipos
de gestores e legisladores: passivos, entregues ao destino, regido por seus
representantes, homens e mulheres ávidos em favorecerem a si próprios, com os
deveres que lhe foram confiados em favor do bem-estar da nação. O governo
federal diz que o dinheiro para a educação foi liberado para os transportes dos
estudantes, as viaturas não foram compradas e os órgãos de justiça não se mobilizam
para corrigirem os desvios, algo está errado. Ou o problema está em mim, que
sou cego o bastante para não entender a lógica do poder. Quem sabe estou
anestesiado juntamente com a multidão dos pais, mães e educadores, que se contentam
com restos do que se chama educação, dignidade e cidadania.