domingo, 4 de novembro de 2012

GUARANI-KAIOWA, UMA NAÇÃO NO PATÍBULO


Até um mês atrás, pude acompanhar o sofrimento desta Nação Indígena de perto, agora, de longe percebo que a realidade é ainda mais gritante e cruel. No dia 13 de Setembro, no meu discurso de abertura da 43ª Assembleia da CRB MS, ao falar da luta dos Guaranis, me recordo que as palavras fugiram e me vieram as lágrimas. Daqui de onde estou, estas lágrimas me veem ainda mais seguido, pois estou acompanhando a causa e a luta deste povo, a partir do pouco que me chega via face.
Sinto-me verdadeiramente envergonhado com o que se está fazendo com um povo que não tem medo de lutar e muito menos morrer pelos seus ideais de Nação. Somos todos Guarani-Kaiowa, mesmo quem não tem sangue indígena, tem a cultura indígena e ser da cultura é fazer parte da família. Um país como o nosso, altamente miscigenado como pode negar o direito natural de que os donos desta Terra possam desfrutar daquilo que lhe pertence não por herança, mas por pureza de origem.
Como compreender mobilizações para ajudar as vitimas das catástrofes naturais pelo mundo e cruzar os braços diante do desaparecimento de uma Nação? Paradoxo? Parece, mas não é. Como compreender que empobrecidos, desgarrados, sem terras, sem reconhecimento algum sejam capazes de darem razão a quem ameaça e não só, mas mata Indígenas? Como professar uma fé no Deus da vida, Deus dos pequeninos, dos fracos e abandonados e se calar diante de estupros, abusos, mortes de inocentes nas aldeias indígenas?
O evangelho fala dos dois maiores mandamentos: Amar a Deus com toda a tua alma e com todo o teu coração; e, amar ao próximo com a ti mesmo. Um país onde a maioria esmagadora do povo é cristã não pode silenciar diante de um genocídio anunciado aos POVOS INDÍGENAS, mais especificamente aos Guarani-Kaiowa. O povo sobe ao patíbulo e os seus concidadãos silenciam. A sorte é lançada e quase ninguém faz nada para impedir o golpe fatal. Ao contrário, muitos seguem aplaudindo num gesto vil de submissão a um poder diabólico e degenerado que conseguiu empedernir não só as consciências de miseráveis, mas se apossou também das suas almas.
Não são os pequenos que na calada da noite articulam satanicamente acordos espúrios para eliminarem os indígenas. Não são os motoboys, que se reúnem em aconchavos para usarem e abusarem do corpo de uma indígena. São os donos do poder. Aqueles que desejam possuir a vida e o destino dos pobres. Infelizmente os pobres ainda os aplaudem, choram por eles, brigam por eles nas ruas, se matam por eles. Se o povo brasileiro não tomar coragem e subir ao patíbulo com os Guaranis, num futuro não muito longe será execrado pelos seus próprios rebentos, amaldiçoado pela geração vindoura.
Não abençoe esta ação. Não reze pelos algozes. Evite que eles cheguem ao patíbulo. Abrace a causa da NAÇÃO GUARANI-KAIOWA.
Somos todos Guaranis. Estamos todos no patíbulo. Vamos lutar contra o poder dos nossos algozes. SALVEMOS OS NOSSOS ANCESTRAIS.