Em tempos antigos sempre se afirmou, que
conhecimento é poder, e que o conhecimento alarga a consciência. Creio que isso
ainda não mudou como teoria, todavia o dia a dia nos prova o contrário, hoje conhecimento
é umartigo de luxo, vivemos cercados de aventureiros do saber, que emitem seus
pareceres desvairados sem nenhum pudor.
Estamos vivendo a era dos cientistas de
rodapés, não de um livro, mas de uma rede social qualquer. Longe de mim de
criticar as redes sociais, as quais considero um milagre humano. As redes com
suas mais sofisticadas ferramentas não têm culpa, se desavisados culturais as
utilizam para disseminarem boçalidades, empoderando-se assim com a ignorância
de seus pares.
Onde a tecnologia chegou com
inteligência, presenciamos verdadeiros prodígios, caso bem concreto são as
startups, comandadas por cérebros juvenis brilhantes, que alcançam o mundo com
as suas ousadias tecnológicas assustadoramente benéficas. E, certamente esse
sucesso não se deve às famigeradas leituras de rodapés, e sim, às suas horas e
horas de leituras maçantes, estressantes de manuais que inspiram, provocam,
desafiam e lançam seus leitores para uma mundo até pouco tempo ininteligível e
inimaginável.
Paralelo a isso, temos uma massa gigantesca
de outros humanos, que se contentam em lerem citações, notas de rodapés,
comentários “fakes” ou não, de algumas redes sociais, e saem por aí vociferando
palavras de ordem, como se o seu saber fosse a melhor teoria, que o mundo já viu.
A não leitura, o pouco empenho para
conhecer e aprofundar, geram boçais, que decoram alguns textos, três quatro
jargões, se empanturram de gírias, normalmente de baixo calão, e se
autoproclamam profetas do saber, fazendo dos seus discursos uma rajada de impropérios,
recheadas de ódio contra os diferentes. Quem não tem saber, tem estultices, que
viralizam em terrenos vazios, a mente e o coração de quem não se cultiva, não
investe em si. Quem vive do discurso, da palavra, mas não é culto, agrada no
início, mas depois se torna cansativo, porque se transforma em um falar
repetitivo, e no afã de querer agradar quem lhe escuta, recheia suas falas com
as piadas mais insossas e desconexas, como também é desconexo o seu pensamento.
Estamos vivendo um momento impar da
Humanidade, temos recursos, que jamais outras eras tiveram, mas grande parte dos
homens e mulheres que ocupam espaço de poder, não se empoderam do saber,
satisfazem-se com banalidades e vulgaridades, beirando a um surto de idiotia
mesclada com delírios.
Em todas as áreas do saber, se exige o mínimo
de coerência de contextos, onde a realidade seja de verdade, mesmo quando seu conteúdo
é essencialmente abstrato. Não é a materialidade do argumento, que lhe dá
sustentação e solidez, mas é a sua lucidez e o seu direcionamento, que reforçam
o quanto ele é real, e aqui entramos no campo do discurso filosófico, teológico
e antropológico, que é normalmente o teor de nossas falas.
Enquanto o saber como consciência não
for a base do falar e agir de todos nós, seremos obrigados a ferirmos nossos
ouvidos com os absurdos surreais de um poder que não pode. Certos discursos,
mesmo nas Igrejas, as pessoas só os escutam, por um principio de fé, ou por
medo de se perderem, se é que um dia já se tinham encontrado. Não saber do
inferno e melhor que saber de um céu, que é anunciado por alguns néscios pregadores
como o lugar dos puros e imaculados, que lavaram seus cérebros na terrível água
de uma santidade sem espiritualidade.
Por isso, enquanto houver conhecimento e
saberes, os boçais até poderão dar o tom das coisas por algum tempo, mas não
durarão, porque não se sustentam na rigidez da eternidade da existência. Existir
exige conhecer. Quem não tem saber não sobrevive.
Nenhum comentário:
Postar um comentário