O
ser humano vive na terra, mas como numa estação de passagem obrigatória, que se
faz necessário para experienciar-se. Sentir-se. Dar um significado à sua
existência. A terra tem em si profundezas que desafiam o ser humano, todavia,
aqui, ele vive uma inquietude, voltado para o alto para o infinito. Sente-se
apegado a tudo que o rodeia, mas insatisfeito com tudo que lhe acontece. Vive
como uma águia prisioneira, porque não tem certeza de sua origem, porque se
conheceu na terra. Vive tateando entre o medo e o desejo. O medo de se tornar
diferente dos demais que vivem aqui e ser taxado de exibicionista, sonhador,
perturbador da tradição, um pecador. Ao mesmo tempo em que teme a tudo isso,
sente forte o desejo de romper com o que é tradicional legal e puritano. Fazer
uma experiência de si, inclusive pagar o preço mais alto possível pelo
atrevimento de sonhar e se arriscar.
Ler
e escrever podem estar na raiz de tudo isso. Saber. Conhecer. Ir mais além do
que impõem os limites e a história. Romper com o padrão e sentir-se a si com
tudo aquilo que é possível. Ninguem quer somente ler e escrever. Quer ser a si.
Descobrir o que dói no seu interior. Porque sente atração por uma pessoa e não
por outra. Porque às vezes o mesmo objeto que lhe assusta e
provoca-lhe raiva, o faz desejá-lo e até pensar em se entregar às volúpias misteriosas
e de lá nunca mais voltar?
O
que age no ser humano é seu inconsciente? E que tipo de inconsciente?
Buscar
compreender a intenção nada mais é que querer alcançar o interior do sujeito.
Daí a necessidade de compreender o outro. De lhe possibilitar todo espaço necessário
para ampliar eu pensamento e alargar sua consciência. Ler e escrever é
inscrever a própia marca num mundo onde a paixão e o infinito se confundem dão
asas para um vôo em que não haverá pouso e muito menos retorno.
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