quinta-feira, 9 de julho de 2015

PULAR FORA NÃO RESOLVE!

O fenômeno Brasil Político está revelando uma síndrome, que a gente talvez nunca se tenha dado conta: “o pular fora”. Quando vejo gente que militou nas esquerdas, arriscou-se em batalhas para conseguir dar uma guinada na vida e na consciência do povo, se bandeando para o outro lado, não só,
mas apostatando sua crença de que tinha razão no que defendia, me assusto, porque pode ser que estivesse cego todo esse tempo e a gente tenha sido sempre assim e eu não enxergava. Quando “ex-petistas” correm para os holofotes das TVs ou para as redes sociais, achincalharem o seu partido de origem; PJteiros, que se renderam aos encantos e brilhos do ganho fácil de um cabresto ou às promessas mirabolantes do pentecostalismo eu me pergunto: por que eles estavam ali? Quais eram seus verdadeiros objetivos? Aonde desejavam chegar pessoalmente? E essas perguntas valem também para as religiões e para a vida a dois e para todas as circunstâncias da vida.
Com isso não quero dizer que as pessoas não devam optar por outras coisas, ou por outros caminhos, longe de mim tal ideia, mas quero dizer, que só porque não consegui os objetivos que sonhei, não posso demonizar o lugar que até há pouco tempo me encontrava e bradava ser o melhor do mundo. Uma coisa é você descobrir novos caminhos e investir nestes, todas as suas fichas; outra coisa é você fracassar por incompetência própria ou por ironia do seu destino e achar, que os que ficaram são ruins e que só aqueles, que lhe seguiram ou lhe apoiaram nas suas novas tentativas são maravilhosos. Como pode alguém criticar um governo que há questão de seis ou sete meses atrás foi periciado pelas urnas, em um sufrágio universal até provar em contrário, transparente? Como pode alguém criticar o Papa Francisco só porque não mudou ainda as regras da igreja para favorecer seus projetos pessoais? A vida, as instituições não são times de futebol, que a cada derrota, cai um técnico ou vendem-se jogadores. A vida é muito séria e não pode ser tratada com leviandade e mediocridade. O Brasil não é um time de futebol, onde os cartolas lavam seus subornos; mesmo assim a gente mistura tudo, e confusos, desvirtuamos até as nossas utopias; pior ainda, decretamos que nada mais é para sempre: amor só é amor enquanto durar a paixão; amizade vai até onde você será útil para os meus intentos; e, valores só são valores se me beneficiarem. E então, a alegria desaparece e a festa só vale se for artificial, porque não se pode festejar de graça ou por felicidade, porque esta também já não existe mais.
Será que estamos doentes? O que fazer para não ser contaminado pelo maldito vírus do “pula fora”?

quarta-feira, 1 de julho de 2015

UMA PÁTRIA EDUCADORA SE CONSTRÓI COM RESTOS

   O mundo vive uma realidade muito complexa, aliás, nascer humano é já um certificado de ser complexo. A atual situação em que vivemos nos pede muita racionalidade e uma
capacidade gigantesca de compreender. Os caminhos que estamos percorrendo como mulheres e homens de uma época diagnosticada como em processo de mudança, exigem de nós perspicácia, competência e conhecimento, para caminharmos mais ou menos em segurança. E falando em segurança, não quero de modo algum me referir à segurança física, quero falar de segurança antropológica, ou seja, a certeza de que a humanidade segue em direção a um rumo certo, que lhe garante chegar a um porto seguro, onde se possa contemplar a vida com todas as sua nuances, sem arrependimentos por não ter vivido o bastante e de modo coerente com o que se projetou.
    Nestas semanas, tive a oportunidade de acompanhar dois momentos políticos muito fortes: o Seminário Municipal sobre o Plano de Educação, aqui do Município de Batayporã e a votação da PEC 171, na Câmara Federal, do primeiro participei ativamente e vi quanta esperança existe na população em busca de uma educação, que seja de verdade humanizadora e geradora de cidadãos e cidadãs com dignidade; já da segunda, a PEC, acompanhei como pude e até onde foi possível, todas as construções e desconstruções em relação à maioridade penal. Sinceramente ainda não compreendi o porquê de duas coisas:
1   1. Por que a gente tem que desconstruir uma coisa, que a natureza plasma, os sexos macho e fêmea;
     2. A quem interessa prender adolescentes de 16 anos, já que os argumentos, que se usa para justificar a redução da maioridade para este patamar, terão que usa-los daqui a alguns anos para patamares mais inferiores.
    A coisa interessante é, que enquanto se discutiam estes dois temas, os municípios, os
mesmos, que compõem a Pátria Educadora, transportam os “filhos e filhas desta Pátria” em condições desumanas, para escolas que se encontram em situação deprimente; e lá em Brasília, os homens e mulheres que defendem a PEC 171, votaram um índice elevadíssimo, para o judiciário. Pode até ser coincidência, mas é no mínimo curioso, que isso esteja acontecendo assim.

Outra coisa, que me inquieta e ver a passividade das vítimas, os munícipes eleitores, que escolheram estes tipos de gestores e legisladores: passivos, entregues ao destino, regido por seus representantes, homens e mulheres ávidos em favorecerem a si próprios, com os deveres que lhe foram confiados em favor do bem-estar da nação. O governo federal diz que o dinheiro para a educação foi liberado para os transportes dos estudantes, as viaturas não foram compradas e os órgãos de justiça não se mobilizam para corrigirem os desvios, algo está errado. Ou o problema está em mim, que sou cego o bastante para não entender a lógica do poder. Quem sabe estou anestesiado juntamente com a multidão dos pais, mães e educadores, que se contentam com restos do que se chama educação, dignidade e cidadania.