domingo, 13 de março de 2011

O ORIGINAL SE TORNA EXÓTICO



“A natureza geme como em dores de parto”. Um mundo criado com tanta ternura pede socorro para não morrer. Engraçado como a morte se reveste de tantas roupagens para descaracterizar a sua ação malfazeja. Celebrações pomposas. Acordos mundiais referendados, em nome da humanidade, que não participa, não é consultada sobre como fazer o que lhe é melhor.
Burocratas sociais, religiosos aristocratas e administradores de bens, mascarados de preocupados com a sorte da vida no planeta, promovem espetáculos luxuosos e lançam panfletagens de luxo, manchados com as gotas da seiva das árvores tão necessárias para a saúde e a sobrevivência do Planeta.
A luminosidade dos eventos fica por conta da nova modalidade, trazer como ponto de atração central, um elemento novo, aqueles que são a origem da vida humana na terra e no planeta. Nestes momentos de desencargo de consciência, para não se ter que falar sério, apontando com força para aqueles que egoisticamente destroem a vida na sua dignidade, enchemos os olhos da massa de imagens, no mínimo curiosas e raras, humanos que no dia-a-dia jamais são lembrados servem a um ritual, quase que folclórico.
É triste ver o original se tornar exótico e ter que se submeter a um espetáculo de luxo, pompa e alienação. É degradante ver uma massa de curiosos olhando para os donos da terra como se fossem seres de outro planeta, que não esse em habitamos e que estamos destruindo.
“Abre alas” não para um novo mito do mercado de consumo, mas um grupo de humanos que fazem coisas “estranhas”, falam em línguas não “espiritualizadas” ou gingam, ao invés de muitas palmas, lágrimas e explosões de histéricos louvores.
Como não louvar aqueles que se utilizam destes espaços sagrados para limparem suas imagens. Uma garrafa d’água abençoada para lavar as dores no corpo causadas pelos solavancos dos ônibus que circulam pelas avenidas e ruas esburacadas, ou gotas milagrosas que fazem acalmar a alma daqueles que casualmente se sentissem tentados a fazer um levante.
O original exótico, teve seu momento de fama. Centenas de câmeras com ou sem flashes se posicionaram para vê-los passar, pois aquele momento era impar, porque depois ele se misturaria na multidão, voltaria para as suas dores e descasos e sabe lá Deus, quando se teria a chance de ser visto novamente.
Na luta pela preservação do planeta, não cabe uma prece pelo agronegócio, nem pela implantação de usinas de álcool e muito menos pela substituição do ser humano por uma manada de bois. Mas lá se estava gritando ao Deus das alturas: “por que tanta chuva?” Será que o Senhor não está vendo, que os nossos “bons samaritanos” da monocultura estão perdendo os grãos, que deveriam mandar para outros gostos mais refinados, já que nós apenas gostamos de arroz e feijão?
O nosso planeta exige a defesa da vida na sua origem e será ferido e sangrará cada vez, que se apresentar a extinção como um visão exótica para acalmar os mais exaltados. Queremos salvar o planeta? Obedeçamos suas leis, que são originais e naturais. Sem agronegócio, sem gados, sem latifúndio, a terra volta aos seus donos, que deixarão de ser apenas uma aparição exótica para ser narrada às posteridades e mostradas em fotos como seres estranhos, que como o dinossauro e outras espécies passaram por este planeta.
Se é para salvar o planeta deve ser sério. E primeiro terá que salvar os milhares de Indígenas que estão sendo massacrados em nosso estado.
Eles, os Povos Indígenas sejam de que tribo forem, são originais e não serão jamais peças de atração exótica.